PARANÁ ATRAI R$ 20 BILHÕES EM DOIS ANOS 19/07/2021 - 18:00

Entrevista para a Revista Coopavel 

Mesmo com a pandemia e os seus efeitos, o Paraná segue como um dos estados com melhor desempenho econômico do Brasil. Apenas em novos investimentos, foram R$ 20 bilhões em menos de dois anos, informa o secretário do Planejamento e Projetos Estruturantes, Valdemar Bernardo Jorge.

A pandemia fez cair a arrecadação do Estado em R$ 2,6 bilhões em 18 meses, mas, mesmo assim, o Paraná demonstra, graças principalmente à pujança do agronegócio, espetacular nível de recuperação. Em entrevista exclusiva à Revista Coopavel, Valdemar também fala sobre pedágio, Nova Ferroeste, investimentos e novos programas governamentais. Acompanhe:

QUAIS FORAM ATÉ AGORA, SECRETÁRIO, AS PRINCIPAIS MEDIDAS TOMADAS PELA SUA PASTA PARA ATENDER A PONTOS ESPECÍFICOS DEFENDIDOS PELO PROGRAMA DO GOVERNO RATINHO?

A Secretaria do Planejamento atua no suporte de informações e no apoio aos gestores das diversas secretarias e demais Órgãos de Estado para a implantação das ações previstas no Plano de Governo e no Plano Plurianual. Algumas ações podem ser destacadas, como investimentos públicos em infraestrutura, principalmente na área de transportes, como o projeto da Nova Ferroeste que vai reduzir o custo do transporte da produção do Paraná e a obra do Trevo Cataratas, em Cascavel, nosso principal corredor rodoviário e de exportação do Estado. O Governo do Paraná também lançou o maior programa de modernização energética na área rural do Estado, o Paraná Trifásico implantado pela Copel, e envolve investimentos de R$ 2,1 bilhões e 25 mil quilômetros de redes trifásicas de energia no campo. É um programa que trará aumento de produtividade a todo o setor, desde o pequeno agricultor até as grandes cooperativas. Atuamos em conjunto com diversas secretarias, desde o início da pandemia, na elaboração do Plano de Retomada que reúne várias iniciativas nas áreas econômica e social. As ações foram submetidas à avaliação governamental e são implementadas pelos órgãos de governo, como o auxílio emergência para MEIs, pequenas e microempresas. No total, 86,7 mil empresas passaram a ter direito a um o socorro de R$ 59,6 milhões.

É POSSÍVEL MENSURAR EM TERMOS DE ECONOMIA OU DE EFICIÊNCIA OS RESULTADOS QUE ESSAS MEDIDAS JÁ TROUXERAM?

Desde que assumimos o Governo, o Paraná é o estado que mais cresce no Brasil. O Governo tem previsão de investir R$ 4,6 bilhões em obras de infraestrutura e logística até 2022. Obras de duplicação são feitas, compromisso que o governador Ratinho Junior fez para dar mais segurança para todos os paranaenses, como a duplicação de um trecho da BR-277, no perímetro urbano de Cascavel. Com essa obra, o munícipio ganhou mais impulso para fomentar a agricultura e os moradores serão beneficiados, além dos motoristas que passam pela região. Uma obra estratégica para melhorar o escoamento da produção, além de solucionar obstáculos, como o acesso ao Show Rural. Aliás, Cascavel é o município que reúne exemplos práticos de como o Estado planeja virar em um hub logístico da América do Sul. Recentemente, numa parceria com o governo federal, inauguramos o Aeroporto Coronel Adalberto Mendes da Silva, em Cascavel. O Estado também simplifica condições de uso da água na irrigação rural, estabelecendo condições e critérios para licenciamento ambiental e outorga de recursos hídricos para o processo de irrigação de terras agricultáveis no Paraná. Outro exemplo, é a criação do Banco do Agricultor que o produtor passa a contar com um programa de crédito exclusivo com juros subsidiados. O banco tem alcance estimado em R$ 500 milhões e vai impulsionar investimentos por meio da equalização de taxa de juros em diversas atividades agropecuárias. Lançamos o Programa Paraná Produtivo que vai levar desenvolvimento integrado para 202 municípios que ainda não têm plano de desenvolvimento regional. E estamos trabalhando na construção de um Plano de Desenvolvimento de Longo Prazo, que vai orientar as ações do governo do Estado para os próximos 15 anos.

DE QUE FORMA A PANDEMIA IMPACTOU DIRETAMENTE NA SECRETARIA? HÁ PREJUÍZOS VERIFICADOS EM SUAS AÇÕES NESSES 18 MESES DE RESTRIÇÕES?

A pandemia alterou muito o planejamento que estávamos fazendo para 2020. Tivemos que rever os planos do Estado e fazer toda a revisão no PPA em função do aumento dos custos e investimentos em saúde. Foi necessário, então, criar um comitê de crise. Ao mesmo tempo que havia a grande necessidade de protegermos vidas, tínhamos que limitar o impacto das consequências econômicas. Em meio a medidas para reduzir a transmissão do vírus, garantir atendimento de saúde, assistência social, ofertar crédito para empresas e manter empregos, tornou-se necessário criar um plano de retomada capaz de preparar o Paraná para enfrentar os meses de dificuldades econômicas e voltarmos a crescer. E para termos ideia dos impactos, em 2020, a perda na arrecadação de ICMS foi de R$ 1,1 bilhão e, agora, entre janeiro e junho a perda de receitas do governo do Estado chegou a R$ 1,498 bilhão.

QUE AVALIAÇÃO É POSSÍVEL FAZER DO PLANO DE RETOMADA ECONÔMICA, LANÇADO PELO ESTADO, E QUE CONTA COM O APOIO DE ENTIDADES E OUTROS ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS?

Esses meses de pandemia foram desafiadores, mas foram necessárias várias ações para reduzir os impactos e apoiar o setor produtivo. Por exemplo, no setor agrícola, o governo criou o Compra Direta Paraná, destinando R$ 20 milhões a 147 cooperativas e associações de pequenos produtores, permitindo que pelo menos 12,5 mil agricultores vinculados às cooperativas ou associações de pequenos produtores pudessem participar do programa e entregassem alimentos para cerca de 900 entidades sociais. Na saúde, mais de dois mil leitos exclusivos para atendimento à Covid-19 foram criados em 2021. Ampliamos a doação de cestas básicas, com atuação da Defesa Civil e Superintendência Geral de Ação Solidária. O Programa Cartão Futuro Emergencial, criado pela Secretaria de Justiça, ajudou a garantir a manutenção de 15 mil vagas de empregos de jovens de 14 a 18 anos. O bom desempenho da indústria nos quatro primeiros meses confirma o processo de recuperação da economia do Paraná. Se considerarmos os últimos 12 meses, nós fizemos toda a recuperação daquilo que se perdeu durante a pandemia e crescemos 4%. E se considerarmos ainda fevereiro de 2020, o crescimento foi de 6%. E como a indústria vai bem, a geração de emprego, também. Desde do início da gestão em 2019, a preocupação era essa: criar um ambiente favorável a retomada econômica. Apesar da crise, temos um saldo positivo de 132.397 mil empregos formais nesta gestão. A gente vê a força do agronegócio, a indústria automobilística retomando a produção, a construção civil também muito forte e por consequência a produção moveleira. Temos ainda, um grande crescimento das cooperativas que estão avançando e têm muita competência para atingir e superar suas metas. Para o setor produtivo, por exemplo, o governo prevê investimentos de R$ 4,6 bilhões em obras de infraestrutura e logística até o ano que vem.

SECRETÁRIO, É QUANTO AO NOVO MODELO DO PEDÁGIO. O CENÁRIO FICARÁ MELHOR AOS USUÁRIOS COM AS NEGOCIAÇÕES EM CURSO?

A questão dos pedágios foi um grande desafio para o Estado ao longo das últimas décadas. Tivemos um modelo de pedágios caros, o que gerou muito sofrimento e dificuldades. Mas, o problema está com dias contados e com a solução que tanto queremos para correção desse erro histórico. Os atuais contratos vencem em novembro deste ano e assim que se encerrarem, teremos pedágios mais baratos, com garantia da realização das obras. O novo modelo de tarifa baixa é uma grande conquista para todos os paranaenses.

E QUANTO AO CORREDOR DE EXPORTAÇÕES E À FERROESTE. QUE PERSPECTIVAS, NA SUA ÓTICA, ESSA OBRA TRARÁ AO FUTURO DO OESTE E DO PARANÁ?

A Nova Ferroeste é mais desenvolvimento para o Paraná e para o Brasil. Ela será o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do País, unindo o Mato Grosso do Sul e o Paraná, dois dos principais polos exportadores do agronegócio brasileiro. Há uma previsão feita pelos técnicos de que será possível o transporte de 35 milhões de toneladas por ano – cerca de 2/3 da produção da região, dos quais 74% seriam de cargas destinadas para a exportação. E além de facilitar todo o escoamento da região, vamos nos tornar a central logística da América Latina. O Oeste só tem a ganhar: aumentará seu potencial pela redução dos custos logísticos do escoamento da produção, deixando o setor produtivo mais competitivo e influenciando diretamente a geração de emprego e renda.

O QUE É POSSÍVEL DIZER, SECRETÁRIO, QUANTO À POLÍTICA DE ATRAÇÃO DE NOVOS INVESTIMENTOS NO PARANÁ QUE VOCÊS EXECUTAM?

Estamos entre os quatro melhores estados para fazer negócio no Brasil. Esse dado foi divulgado no mês de junho na pesquisa Doing Business Subnacional Brasil 2021, realizada pelo Grupo Banco Mundial. Isso se deve à política de atração de novos investimentos que o governo Ratinho Junior desenvolve. A indústria paranaense não para de crescer. O crescimento nos últimos quatro meses foi de 18,1%, o terceiro melhor do País. A média nacional foi de 10,5%, com o nosso Estado em destaque na expansão industrial. Resultados que mostram o processo de recuperação da economia paranaense. O Porto de Paranaguá tem recorde histórico de movimentação de cargas. Mais de 6 milhões de toneladas! Estamos livres da febre aftosa sem vacinação e agora, podemos disputar de modo igual o mercado de carne com os principais países do mundo. Uma grande conquista dos trabalhadores e produtores rurais. Muitas grandes empresas e indústrias estão investindo no Paraná. A Invest Paraná, agência que é porta de entrada oficial às empresas interessadas em se instalar no Estado, atraiu R$ 20 bilhões em investimentos em dois anos. Esse cenário favoreceu o Paraná a abrir 52,6 mil postos de trabalho em 2020. Cascavel, inclusive, já tem representações locais da Invest Paraná para a promoção e prospecção de novos negócios e investimentos.

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